segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A Florbela Espanca

Ai flor, há quem diga, bela
Trocando olhares assim à vida
Alma de violeta, alma de poeta
De noite acordada, de noite perdida.

Perdida de amores, de emoções louca
Triste no olhar, da vida descontente
Poetisa da mágoa, nuvem no peito
Agruras de só quem muito se sente.

Viver um só dia sensações mil
Rasgar elogios a quem te espanca
Com ondas de saudade revoltas
Que brotam da carne viva. Espanta!

Perdidamente amaste, Este e Aquele
O Outro e toda a gente, versos insanos
Desejo amortalhado, boca rubra,
Coração em pedaços, erros humanos.

Livro de mágoas és tu poetisa eleita
Que sonhaste em verso, pesadelo rimado
Órfã no mundo, na vida sem norte
Teu corpo cativo do vil pecado.

Lágrimas ocultas, torre de névoa
Sentimentos de aço, tortura mor
Alma trágica de mulher errante
Visitada pela companheira dor.

Em busca do amor, foste estrada fora
Questionando velhos, era já noite cerrada
Soror Saudade, teu castelo de luz
Nas trevas mergulhou. Vida apagada.

Este Nocturno te dedico, fraca pena
Maria das Quimeras, com carinho.
Vejo a tragédia funda no teu peito
E deixo-te chorar devagarinho.

Sol poente, encanto mago, estrela cadente
Urzes queimadas, chamuscadas de dor
Asas de andorinha, morta por tuas mãos.
Eterna e saudosa charneca em flor.

11-07-2008

Poema premiado com o 5º lugar no XXVI Concurso Internacional Literário das Edições AG e publicado na Antologia Travessias

2 comentários:

  1. Olá Ana, bom dia!
    Fiquei feliz por saber que tem um Blog.
    Obrigada pela notícia.
    Gostei do que vi por cá.
    Sereno, simples, claro.
    Gosto de Gente e Coisas assim.
    Voltarei!
    Beijos
    Maria Mamede

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  2. Querida amiga,obrigada pelo apoio.
    Volte sempre que quiser. Será um imenso prazer.
    Entretantofica a aguardar o seu livro.

    Beijos
    Ana Mabrouk

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