sexta-feira, 30 de outubro de 2009

3º poema da triologia dedicada à Atlântida


Atlântida III


Onde jazes agora, sonho antigo?
Para lá do Estreito de Gibraltar
Algures no Atlântico central?
Na vasta cordilheira submarina
Da Islândia a Tristão da Cunha?
Jazes em volta dos Açores
Rodeado de marítimas coroas de flores?
Onde jazes agora, terra ansiada?
Outrora ponte terrestre, terra firma
Passagem terrena, solo arável
Agora terra afundada, em vão procurada
Ou ilha coroada em aquática vegetação
Ao largo da costa da Florida
Envolta em mar de sargaços
Em fossas abissais, presa em estreitos laços?

Onde jazes agora, mistério premente?
Revista em sonhos algo confusos
De curandeiro religiosos e visionário
Vítima da ciência, pó de explosão atómica
Há muralhas dum porto de abrigo
Em Bimini Norte, ilha das Bahamas
Cais e pontões, blocos de pedra maciça
Erosão de Pleistoceno,

Onde jazes agora, lenda encantada?
No Mediterrâneo, coração do império minóico
A meio caminho entre Creta e a Grécia
Ilha minóica de Caleiste, agora Santorini
Cultura soterrada da Idade do Bronze
Sob cinzas e chuva e pedra-pomes
Holocausto de lava ardente, rocha cuspida
Cnosso, porto de capital perdida
Tremores de terra, erupções vulcânicas
Onda gigantesca, arma de Moisés
Águas divididas do mar vermelho
Chuva de cinzas, praga do Egipto
Jazendo fragmentada e desolada
Terra e Terasia, coberta de cinzas, abandonada.


15-10-1992


Ana Paula Mabrouk (texto e fotografia)

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