Fim-do-dia
Curiosa a passagem do tempo!
Outros anseios, outros sonhos
Calos na vida, calos na alma
Restos da noite, auroras do dia.
Curioso o esquecimento das coisas!
Nem ânsias, desesperos ou sonos
Apenas afazeres, rotina e calma.
Sem medos, lamentos, sem agonia.
Curioso o esquecimento do tempo!
A ausência de pesar e rancor
O brando silêncio da melancolia.
Curiosa a passagem das coisas!
A rápida sequência do amor
O ritmo compassado do fim-do-dia.
Cai a vida
Cai a tarde com seu manto rosado
Prometendo quimeras
E com ela
Cai o desalento de um corpo vencido.
Só as lágrimas não caem.
Cai o sol, qual reflexo multicolor
Em todo o seu esplendor
E com ele
Cai o esquecimento da alma ferida.
Só as lágrimas não caem.
Cai o crepúsculo com sua luz pálida
Terminando mais um dia
E com ele
Cai o desespero das mágoas profundas.
Só as lágrimas não caem.
Cai a noite com seu manto negro
E sua serenidade
E com ela
Cai a raiva oculta ensurdecida.
Só as lágrimas não caem.
Cai a gambiarra dum manto de estrelas
Brilhando no cálido ar
E com ela
Cai a humilhação de mais outro dia.
Só as lágrimas não caem.
Poemas que alcançaram o 12º lugar no XXIX Concurso Internacional das Edições AG - Brasil
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