quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Em casa,com uma grande constipação

Estou em casa, doente, com uma grande constipação a somar a uma semana «horribilis» (ecoando as palavras da Raínha Isabel II, em tempos idos) e não me ocorre nada de interessante para escrever. Vou usar, por isso, as palavras sábias do meu escritor favorito.
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos com a vida,
E fazem-nos espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez du peu... Que grande constipação física!
Preciso da verdade e de aspirina.
14/03/1931
In Álvaro de Campos, Poesia, Assírio & Alvim, Março 2002

2 comentários:

  1. Minha querida amiga então costipada?
    Desejo-lhe rápidas melhoras. Aproveite para pôr a escrita em dia...ou continua a trabalhar?
    Fernando Máximo/Avis

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  2. Pois,calha a todos... Já vou na terceira este ano: não quero perder pitada. Atchim!
    obrigada pelo regulamento dos jogos. Vou ver o que posso fazer. Atchim!

    Beijos
    Ana Mabrouk

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