BRUNO
Sentia-se no topo da montanha, qual Sinatra no auge da sua carreira. Finalmente tinha na mão o seu tão ansiado Blackberry.
Meses de literatura, contas e flirt prolongado. Toque suave, olhar guloso, instinto de matador. As mulheres costumavam afirmar que “who rocks the cradle, rules the world”, mas no mundo dos homens “who has the right gadgets, rules the world indeed”.
Aquele escritório de bolso, aquele slogan de O Mundo em qualquer lugar, enchia-lhe as medidas. Sentia-se um veleiro de velas enfunadas, deslizando altivo no mar da alta finança. Na crista da onda da tecnologia de ponta. Não mais se incluía no rol dos info-tecno-black excluídos.
Primeiro amou-o com o toque – o sentido mais imediato. Acariciou-o como quem desliza as mãos ansiosas por uma nova conquista. Aquele formato de morena platinada provocava-lhe um deslumbramento inenarrável. Firmou as mãos como quem agarra determinado as curvas de uma mulher no momento certo. Seguro de si, consciente do seu sucesso. Garanhão premiado num mundo onde a competição impera e determina a sobrevivência dos mais forte.
Em seguida, demorou o olhar pelo ecrã de alta definição, mirou sofregamente os menus simples e intuitivos, o teclado Qwerty, acedeu à televisão online, surfou pela Internet a 3,6 Mbps e tirou fotos a si próprio, com a câmara de 2 megapixels. Um deslumbramento de criança que experimenta um brinquedo novo. “Boys with toys”. Os olhos pestanejavam de comoção.
Cheirou-o, depois, como um animal durante o cio, desejoso de satisfazer a sua pulsão sexual. Acabamentos em pele. Sentiu um arrepio de comoção. Feromonas activadas e narinas dilatadas. Inalava odores inconfessados de perfumes caros ao sexo masculino. Arfou como um alazão, pronto a acasalar.
Inseriu o auricular estéreo e sincronizou os itunes. Verdadeira música para os seus ouvidos. Sinfonias do século XXI, a retumbar nos seus pavilhões. Martelos e bigornas ao rubro. O prazer da audição, estimulado em contínuo. Movimentou-se num ascendente de sensações. Queria verificar o funcionamento do GPS. Navegou em tempo real numa prova automobilística de curta distância. Checked! Ah, a compatibilidade com o MP4! Não esquecer…. Procurou no porta-luvas, por entre os seus inúmeros gadgets e estabeleceu a ligação. As suas músicas preferidas num smartphone de última geração. O sonho de qualquer executivo, a desenrolar-se ali mesmo no conforto dos bancos de pele, diante de um volante desportivo.
Quanto ao paladar, sentia as papilas gustativas a salivar, na ante-véspera do prazer. Imaginava-se já a mandar e-mails em tempo real às futuras conquistas XX e fotos comprovativas dos encontros escaldantes aos invejosos XY. Sentia-se no clímax do poder e da sedução. Tinha entrada na geração multimédia, com um topo de gama de design sofisticado. Era um dos eleitos entre a urbe dos anónimos.
E foi nesse instante que uma vaga de rubor lhe invadiu a face cuidada de metrossexual, ao sentir um orgasmo irreprimível desaguar das suas entranhas, em pequenos e vigorosos vagas de satisfação. Também ele em tempo real; também ele instantaneamente, de forma rápida e intuitiva. Um mundo de conteúdos na palma da mão.
Blackberry – Um computador que permite trabalhar e divertir-se em qualquer lugar!
Sentia-se no topo da montanha, qual Sinatra no auge da sua carreira. Finalmente tinha na mão o seu tão ansiado Blackberry.
Meses de literatura, contas e flirt prolongado. Toque suave, olhar guloso, instinto de matador. As mulheres costumavam afirmar que “who rocks the cradle, rules the world”, mas no mundo dos homens “who has the right gadgets, rules the world indeed”.
Aquele escritório de bolso, aquele slogan de O Mundo em qualquer lugar, enchia-lhe as medidas. Sentia-se um veleiro de velas enfunadas, deslizando altivo no mar da alta finança. Na crista da onda da tecnologia de ponta. Não mais se incluía no rol dos info-tecno-black excluídos.
Primeiro amou-o com o toque – o sentido mais imediato. Acariciou-o como quem desliza as mãos ansiosas por uma nova conquista. Aquele formato de morena platinada provocava-lhe um deslumbramento inenarrável. Firmou as mãos como quem agarra determinado as curvas de uma mulher no momento certo. Seguro de si, consciente do seu sucesso. Garanhão premiado num mundo onde a competição impera e determina a sobrevivência dos mais forte.
Em seguida, demorou o olhar pelo ecrã de alta definição, mirou sofregamente os menus simples e intuitivos, o teclado Qwerty, acedeu à televisão online, surfou pela Internet a 3,6 Mbps e tirou fotos a si próprio, com a câmara de 2 megapixels. Um deslumbramento de criança que experimenta um brinquedo novo. “Boys with toys”. Os olhos pestanejavam de comoção.
Cheirou-o, depois, como um animal durante o cio, desejoso de satisfazer a sua pulsão sexual. Acabamentos em pele. Sentiu um arrepio de comoção. Feromonas activadas e narinas dilatadas. Inalava odores inconfessados de perfumes caros ao sexo masculino. Arfou como um alazão, pronto a acasalar.
Inseriu o auricular estéreo e sincronizou os itunes. Verdadeira música para os seus ouvidos. Sinfonias do século XXI, a retumbar nos seus pavilhões. Martelos e bigornas ao rubro. O prazer da audição, estimulado em contínuo. Movimentou-se num ascendente de sensações. Queria verificar o funcionamento do GPS. Navegou em tempo real numa prova automobilística de curta distância. Checked! Ah, a compatibilidade com o MP4! Não esquecer…. Procurou no porta-luvas, por entre os seus inúmeros gadgets e estabeleceu a ligação. As suas músicas preferidas num smartphone de última geração. O sonho de qualquer executivo, a desenrolar-se ali mesmo no conforto dos bancos de pele, diante de um volante desportivo.
Quanto ao paladar, sentia as papilas gustativas a salivar, na ante-véspera do prazer. Imaginava-se já a mandar e-mails em tempo real às futuras conquistas XX e fotos comprovativas dos encontros escaldantes aos invejosos XY. Sentia-se no clímax do poder e da sedução. Tinha entrada na geração multimédia, com um topo de gama de design sofisticado. Era um dos eleitos entre a urbe dos anónimos.
E foi nesse instante que uma vaga de rubor lhe invadiu a face cuidada de metrossexual, ao sentir um orgasmo irreprimível desaguar das suas entranhas, em pequenos e vigorosos vagas de satisfação. Também ele em tempo real; também ele instantaneamente, de forma rápida e intuitiva. Um mundo de conteúdos na palma da mão.
Blackberry – Um computador que permite trabalhar e divertir-se em qualquer lugar!
Este é um dos contos que irá pertencer ao meu futuro livro de contos intitulado Homens de A a Z
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