quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Não me peças que te ame

Não me peças que te ame.
Tudo menos isso.
Pois não foi isso que fiz a minha vida inteira?
Amar-te infinitamente?
Ai de mim que sou finita!
Derrubar as barreiras do tempo, da distância, da agonia.
Amar-te sempre, contudo, ainda que e todavia.
Amei-te tanto que me esqueci de me amar.
E tu? Amaste-te tanto que te esqueceste de me amar.
A vida é assim. As palavras são vãs e os actos prementes.
As palavras atropelam os sonhos, queimam as asas.
Os actos saram os corações em chama.
De tanto te amar, acabei por te perder.
Por isso não me peças que te ame. Outra vez não!


Poema nº 25 da Antologia Em Carne Viva

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