“E neste caos de palavras nasço e morro mil vezes qual Fénix deslumbrante nas suas asas multicolores num monocromático céu azul.”
Crónica I
Video-Livro - «CRÓNICAS DA ARTE E DA VIDA» de... por migueldhera
Este blogue pretende dar a conhecer a actividade literária da escritora Ana Paula Mabrouk e conversar sobre literatura
sábado, 31 de dezembro de 2011
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
O Natal em versão poética
O primeiro poema é uma história já antiga mas que continua atual.
O segundo é uma versão moderna das Bem Aventuranças.
Feliz Natal para todos.
HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
Antologia Poética
Coimbra, Ed. do Autor, 1981
O meu sermão da montanha
Felizes dos que não precisam usar máscaras no Natal!...
Por que deles será o 'peru' mais grandioso!
Felizes dos que acreditam em Papai Noel,
mesmo sabendo que ele não existe!
Por que estes jamais terão seus sacos cheios!
Felizes dos que nada querem
pois estes terão o mundo!
Felizes dos que não desejam o céu
nem o inferno...
Por que deles será o Paraíso!
Felizes dos que cantam... sem saber cantar...
por que estes serão os verdadeiros poetas!...
Trecho do Poema, O Meu Sermão da Montanha
do Livro O Toque do Espírito do Fogo no Barro
William Garibaldi Oliveira.
O segundo é uma versão moderna das Bem Aventuranças.
Feliz Natal para todos.
HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
Antologia Poética
Coimbra, Ed. do Autor, 1981
O meu sermão da montanha
Felizes dos que não precisam usar máscaras no Natal!...
Por que deles será o 'peru' mais grandioso!
Felizes dos que acreditam em Papai Noel,
mesmo sabendo que ele não existe!
Por que estes jamais terão seus sacos cheios!
Felizes dos que nada querem
pois estes terão o mundo!
Felizes dos que não desejam o céu
nem o inferno...
Por que deles será o Paraíso!
Felizes dos que cantam... sem saber cantar...
por que estes serão os verdadeiros poetas!...
Trecho do Poema, O Meu Sermão da Montanha
do Livro O Toque do Espírito do Fogo no Barro
William Garibaldi Oliveira.
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Natal
sábado, 17 de dezembro de 2011
É Natal de novo
NATAL EM 3 DIMENSÕES
meu Natal de doce infância
de muitos longes daqui
onde o palmar tem fragrância
de aromas de abacaxi
onde o sol rei e senhor
nos fustiga impunemente
e nos tinge de outra cor…
escárnio de muita gente
meu outro Natal de pinho
bem diferente do primeiro
onde quem vive sozinho
esquenta a alma num braseiro
casas de pedra e de fumo
lareiras de sonhos vãos
outros cheiros que presumo
serem cheiros de outros chãos
meu este Natal de neve
tão diferente dos demais
onde o sonho (mesmo breve)
ainda sonha outros Natais!
OLINDA BEJA
Lausanne, Dezembro de 2011
Publico este poema lindíssimo que uma amiga me enviou da Suíça.
BOM NATAL PARA TODOS
meu Natal de doce infância
de muitos longes daqui
onde o palmar tem fragrância
de aromas de abacaxi
onde o sol rei e senhor
nos fustiga impunemente
e nos tinge de outra cor…
escárnio de muita gente
meu outro Natal de pinho
bem diferente do primeiro
onde quem vive sozinho
esquenta a alma num braseiro
casas de pedra e de fumo
lareiras de sonhos vãos
outros cheiros que presumo
serem cheiros de outros chãos
meu este Natal de neve
tão diferente dos demais
onde o sonho (mesmo breve)
ainda sonha outros Natais!
OLINDA BEJA
Lausanne, Dezembro de 2011
Publico este poema lindíssimo que uma amiga me enviou da Suíça.
BOM NATAL PARA TODOS
domingo, 11 de dezembro de 2011
sábado, 3 de dezembro de 2011
Newsletter do Hotel Moliceiro
Newsletter do Hotel Moliceiro a publicitar a sessão de apresentação da obra Crónicas da Arte e da Vida de Ana Paula Mabrouk.
Cliquem na hiperligação.
http://www.icontact-archive.com/kHO_NNB7_5ioclI05mZymQO3ywBkGWSk?w=2
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Crónicas da Arte e da vida
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Sessão de apresentação da obra Crónicas da Arte e da Vida em Aveiro
O Hotel Moliceiro e a autora têm a honra de convidar
V.E.ª para a sessão de apresentação da obra Crónicas
da Arte e da Vida de Ana Paula Mabrouk a realizar neste
hotel, no dia 3 de Dezembro (sábado), pelas 21h 30 min.
Coordenação da sessão pela presidente do Grupo
Poético de Aveiro Rita Capucho. Apresentação da obra
por Orlando Figueiredo. Intervenção da artista plástica
(autora das aguarelas)Estrela Caldas. Momento musical
da responsabilidade do pianista Veloso. Breve intervenção
da autora seguida de tertúlia com o público presente.
V.E.ª para a sessão de apresentação da obra Crónicas
da Arte e da Vida de Ana Paula Mabrouk a realizar neste
hotel, no dia 3 de Dezembro (sábado), pelas 21h 30 min.
Coordenação da sessão pela presidente do Grupo
Poético de Aveiro Rita Capucho. Apresentação da obra
por Orlando Figueiredo. Intervenção da artista plástica
(autora das aguarelas)Estrela Caldas. Momento musical
da responsabilidade do pianista Veloso. Breve intervenção
da autora seguida de tertúlia com o público presente.
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Crónicas da Arte e da vida
terça-feira, 22 de novembro de 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Crónica VII Amor a dois
Crónica VII
Amor a dois
«O Amor de um ser humano por outro é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais alto testemunho de nós próprios, a obra suprema em face da qual todas as outras são pequenas preparações.»
Fui educada para crescer, acreditando que ia encontrar um grande amor, casar e permanecer em estado de graça para sempre. Não que tivesse exemplos reais em meu redor que comprovassem esta filosofia de vida. Todos os casamentos que conhecia eram a prova viva do provérbio «Faz o que eu digo, não faças o que eu faço».
Cresci rodeada de desamores e rancores e incredulamente pensei que um dia iria encontrar alguém especial e construir uma relação sólida, diferente da dos outros. Santa ignorância e arrogante presunção!
Por que razão as escolas e as famílias não preparam as raparigas e os rapazes para viverem uma relação baseada na confiança e na partilha? As mães continuam a oferecer bonecas, carrinhos de bebés e utensílios de cozinha às suas filhas. Lêem-lhes livros de encantar e compram-lhe acessórios de princesas. Todas elas com caras resplandecentes, corpos fenomenais e bens de consumo topo de gama. Os pais escolhem carros de corrida, bicicletas de montanha e levam os filhos às actividades extra-curriculares, estimulando a competição e a ambição de terem um filho campeão de todas as suas frustrações. E os miúdos lá vão crescendo e imitando os modelos que lhes deram até que, inevitavelmente, os dois mundos se encontram.
Primeiro, é o deslumbramento da descoberta: existem seres diferentes do outro lado da vida! Pasmem os céus e a Terra! Em seguida, passa-se para o encantamento: tudo é mágico, tudo é cúmplice, tudo é intenso. Os dias e as noites correm céleres, sem tempo para que o fogo deixe descobrir que as labaredas têm nuances de cor. A voracidade das novas emoções cega a percepção e esconde os trambolhões da realidade. Seguem-se os projectos para o futuro, a luta a dois por planos de vida, traçados em horas de insónia criativa. Com o passar dos anos a lufa-lufa do dia-a-dia encarrega-se de manter os dois seres tão ocupados que eles se esquecem de interrogar as razões que lhe subjazem. Vão vivendo, lado a lado, mas não em sintonia plena, de quem partilha uma vida com alguém que nos compreende e perdoa as imperfeições. Alguém que aceita o facto de não sermos o sonho perfeito que em tempos sonharam.
Um dia, inexoravelmente, acordam e estranham-se. Olham-se e vêem-se pela primeira vez, como realmente são e o choque inicial é tal que deixa marcas para sempre. Normalmente a realidade nua e crua confronta-os com dois mundos paralelos, separados por Himalaias de aspirações e de projectos pessoais. Compreendem, finalmente, que o caminho que os trouxe até aqui, tão bem sinalizado por placas azuis e indicações gigantescas, já não voltará a ser o mesmo. Acabou a auto-estrada, a via está em obras e existe uma série de circuitos alternativos. É preciso pensar, decidir, escolher e chegar a um consenso quanto ao caminho a seguir. Ou não.
Essa experiência difícil e dolorosa de continuar a entrega a outro ser humano tão longe das nossas fantasias é, sem dúvida, o mais alto testemunho de nós próprios. Amar alguém estando lucidamente acordado para a realidade é uma tarefa hercúlea. Não conheço obra que exija maior preparação e tenha tamanho índice de fracasso previsível. Quem corajosamente e informadamente escolher percorrer os restantes carreiros da vida, não lado a lado, mas com um só traço de pegadas na areia, recebe da minha parte a mais sentida ovação. Deveria haver um Prémio Nobel para o Amor.
E não afirmo isto de ânimo leve ou subitamente acometida por uma pieguice, tão própria do que alguns apelidam de sexo fraco. Há muitos anos atrás, olhando para um casal de velhotes, de mãos dadas, pacificamente sentados num banco de jardim chorei. Chorei de frustração perante um sonho de infância, que já fora o meu, e que eu perdera algures, pelo caminho. Chorei de inveja por não ter conseguido atingir o estádio de sabedoria daqueles seres. Chorei de pena por aquele instantâneo não ser o meu.
Ontem assisti a outro episódio curioso. Numa fila de um aquaparque, frequentado maioritariamente por casais jovens, deparei-me com um casal francês, seguramente acima dos sessenta anos. Trocavam chalaças, riam-se jovialmente dos gritos dos mais novos e, a certa altura, beijaram-se apaixonadamente. Um beijo na boca, longo, sentido, com os braços enlaçados em redor das respectivas cinturas. Observei o espanto nos olhos dos vários adolescentes e até mesmo uma pontinha de escárnio em alguns. Sorri. Senti uma alegria genuína por encontrar dois seres maduros que, chegados ao fim da auto-estrada, optaram e souberam manter a sua escolha de felicidade partilhada. Imaginei quanto esforço não foi necessário para levar a cabo esta obra-prima. Sorri de contentamento, de inveja boa (que também a há), de júbilo por poder ser testemunha daquele exemplo de vida. Enquanto eu filosofava, anónima entre a multidão, os dois deslizaram por um tubo de água que terminava numa queda abrupta. Deram um valente trambolhão mas levantaram-se logo, em seguida, às gargalhadas. Eu, turista acidental, ovacionei-os de pé.
Hotel Grand Dauphine,
Toulon
21 de Agosto 2009
Amor a dois
«O Amor de um ser humano por outro é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais alto testemunho de nós próprios, a obra suprema em face da qual todas as outras são pequenas preparações.»
Fui educada para crescer, acreditando que ia encontrar um grande amor, casar e permanecer em estado de graça para sempre. Não que tivesse exemplos reais em meu redor que comprovassem esta filosofia de vida. Todos os casamentos que conhecia eram a prova viva do provérbio «Faz o que eu digo, não faças o que eu faço».
Cresci rodeada de desamores e rancores e incredulamente pensei que um dia iria encontrar alguém especial e construir uma relação sólida, diferente da dos outros. Santa ignorância e arrogante presunção!
Por que razão as escolas e as famílias não preparam as raparigas e os rapazes para viverem uma relação baseada na confiança e na partilha? As mães continuam a oferecer bonecas, carrinhos de bebés e utensílios de cozinha às suas filhas. Lêem-lhes livros de encantar e compram-lhe acessórios de princesas. Todas elas com caras resplandecentes, corpos fenomenais e bens de consumo topo de gama. Os pais escolhem carros de corrida, bicicletas de montanha e levam os filhos às actividades extra-curriculares, estimulando a competição e a ambição de terem um filho campeão de todas as suas frustrações. E os miúdos lá vão crescendo e imitando os modelos que lhes deram até que, inevitavelmente, os dois mundos se encontram.
Primeiro, é o deslumbramento da descoberta: existem seres diferentes do outro lado da vida! Pasmem os céus e a Terra! Em seguida, passa-se para o encantamento: tudo é mágico, tudo é cúmplice, tudo é intenso. Os dias e as noites correm céleres, sem tempo para que o fogo deixe descobrir que as labaredas têm nuances de cor. A voracidade das novas emoções cega a percepção e esconde os trambolhões da realidade. Seguem-se os projectos para o futuro, a luta a dois por planos de vida, traçados em horas de insónia criativa. Com o passar dos anos a lufa-lufa do dia-a-dia encarrega-se de manter os dois seres tão ocupados que eles se esquecem de interrogar as razões que lhe subjazem. Vão vivendo, lado a lado, mas não em sintonia plena, de quem partilha uma vida com alguém que nos compreende e perdoa as imperfeições. Alguém que aceita o facto de não sermos o sonho perfeito que em tempos sonharam.
Um dia, inexoravelmente, acordam e estranham-se. Olham-se e vêem-se pela primeira vez, como realmente são e o choque inicial é tal que deixa marcas para sempre. Normalmente a realidade nua e crua confronta-os com dois mundos paralelos, separados por Himalaias de aspirações e de projectos pessoais. Compreendem, finalmente, que o caminho que os trouxe até aqui, tão bem sinalizado por placas azuis e indicações gigantescas, já não voltará a ser o mesmo. Acabou a auto-estrada, a via está em obras e existe uma série de circuitos alternativos. É preciso pensar, decidir, escolher e chegar a um consenso quanto ao caminho a seguir. Ou não.
Essa experiência difícil e dolorosa de continuar a entrega a outro ser humano tão longe das nossas fantasias é, sem dúvida, o mais alto testemunho de nós próprios. Amar alguém estando lucidamente acordado para a realidade é uma tarefa hercúlea. Não conheço obra que exija maior preparação e tenha tamanho índice de fracasso previsível. Quem corajosamente e informadamente escolher percorrer os restantes carreiros da vida, não lado a lado, mas com um só traço de pegadas na areia, recebe da minha parte a mais sentida ovação. Deveria haver um Prémio Nobel para o Amor.
E não afirmo isto de ânimo leve ou subitamente acometida por uma pieguice, tão própria do que alguns apelidam de sexo fraco. Há muitos anos atrás, olhando para um casal de velhotes, de mãos dadas, pacificamente sentados num banco de jardim chorei. Chorei de frustração perante um sonho de infância, que já fora o meu, e que eu perdera algures, pelo caminho. Chorei de inveja por não ter conseguido atingir o estádio de sabedoria daqueles seres. Chorei de pena por aquele instantâneo não ser o meu.
Ontem assisti a outro episódio curioso. Numa fila de um aquaparque, frequentado maioritariamente por casais jovens, deparei-me com um casal francês, seguramente acima dos sessenta anos. Trocavam chalaças, riam-se jovialmente dos gritos dos mais novos e, a certa altura, beijaram-se apaixonadamente. Um beijo na boca, longo, sentido, com os braços enlaçados em redor das respectivas cinturas. Observei o espanto nos olhos dos vários adolescentes e até mesmo uma pontinha de escárnio em alguns. Sorri. Senti uma alegria genuína por encontrar dois seres maduros que, chegados ao fim da auto-estrada, optaram e souberam manter a sua escolha de felicidade partilhada. Imaginei quanto esforço não foi necessário para levar a cabo esta obra-prima. Sorri de contentamento, de inveja boa (que também a há), de júbilo por poder ser testemunha daquele exemplo de vida. Enquanto eu filosofava, anónima entre a multidão, os dois deslizaram por um tubo de água que terminava numa queda abrupta. Deram um valente trambolhão mas levantaram-se logo, em seguida, às gargalhadas. Eu, turista acidental, ovacionei-os de pé.
Hotel Grand Dauphine,
Toulon
21 de Agosto 2009
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Crónicas da Arte e da vida
domingo, 20 de novembro de 2011
Sessão de apresentação do livro Crónicas da Arte e da Vida
Eis aqui a fotoreportagem desta sessão
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Crónicas da Arte e da vida
terça-feira, 15 de novembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
naquele momento
naquele momento
Naquele momento
Algures entre o riso
E a tempestade
Depus as armas
Cansadas
Rendi o forte acuado
Despi armaduras
De tempo
Abri meu portão
Resguardado
E deixei entrar
Teu alazão negro
Orgulhoso da vitória
Incansável na conquista.
poema contido na Antologia Poiesis XX
Naquele momento
Algures entre o riso
E a tempestade
Depus as armas
Cansadas
Rendi o forte acuado
Despi armaduras
De tempo
Abri meu portão
Resguardado
E deixei entrar
Teu alazão negro
Orgulhoso da vitória
Incansável na conquista.
poema contido na Antologia Poiesis XX
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Poiesis XX
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Fotoreportagem pessoal do lançamento da Poiesis XX
Ana Paula Mabrouk e David Metallica
Ana Paula Mabrouk, amigas (Ana Cristina Grilo e Lina Madeira) e David Metallica
Ana Paula Mabrouk, amigas (Ana Cristina Grilo e Lina Madeira) e David Metallica
Ângelo Rodrigues e alguns autores
Capa da Poiesis XX da autoria de Miguel D'Hera
Ana Paula Mabrouk na sua intervenção em palco
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Poiesis XX
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Reportagem fotográfica Poiesis XX
vide
http://antologiapoiesis.blogs.sapo.pt/
http://editorialminerva.blogspot.com
www.facebook.com/editorialminerva
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Poiesis XX
sábado, 5 de novembro de 2011
Hoje é o dia do lançamento da Poiesis XX
Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro
Antigo Solar da Nora
Estrada de Telheiras
5 de Novembro
13.30 h
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Lançamento da Antologia Poiesis XX
PREÂMBULO
1. E voltou a “acontecer poesia”, isto é, POIESIS – Volume XX (o último), antologia que inclui também alguns autores da CPLP bem como autores portugueses residentes no estrangeiro. Sejam bem-vindos à leitura e fruição desta obra colectiva que, quer queiramos quer não, conquistou um merecido lugar no “panorama literário português”, seja lá isso o que for.
2. POIESIS foi uma obra de continuação, consolidação, luta e resistência para um número apreciável de autores e também uma oportunidade de publicação para muitos outros; também por isso, uma parte do que aqui se encontra, são experiências literárias com óbvias diferenças técnicas, estilísticas, estéticas, intenção e sentido (...). Seria muito difícil e provavelmente inútil, desconstruir e analisar manchas criativas de tão grande e diversa subjectividade, experimentação e procura (do graal de cada um). Não vamos por aí.
3. A obra em presença resulta de uma comum paixão; não é apenas um espaço de divulgação poética e para-poética com ecletismos, “ecumenismos”, nostalgias, futurismos, diferenças, atitudes, descobertas, revelações... pretende também e mais do que tudo, aferir, “fazer-desenvolver” e facultar uma alternativa intercultural e se possível transcultural, estabelecendo um sistema global de comunicação, de crítica e debate - ser alternativa, dar expressão e sentido aos processos criativos em Língua Portuguesa.
4. E porque há coragem, sonho, amor, vontade de partilha, cumplicidades, mistérios, encantamentos, desejos..., ficou menos tímida e um pouco mais ousada, a Musa oculta e irregular que habita a espiritualidade dos homens.
5. Porque escrever é um acto de solidão e porque publicar é sempre um acto de resistência, de muita coragem e ousadia, um renovado e intenso abraço a todos os autores que - ao longo destes anos desde 1999 (Volume I) - tornaram possível este projecto até este último Volume XX.
1. E voltou a “acontecer poesia”, isto é, POIESIS – Volume XX (o último), antologia que inclui também alguns autores da CPLP bem como autores portugueses residentes no estrangeiro. Sejam bem-vindos à leitura e fruição desta obra colectiva que, quer queiramos quer não, conquistou um merecido lugar no “panorama literário português”, seja lá isso o que for.
2. POIESIS foi uma obra de continuação, consolidação, luta e resistência para um número apreciável de autores e também uma oportunidade de publicação para muitos outros; também por isso, uma parte do que aqui se encontra, são experiências literárias com óbvias diferenças técnicas, estilísticas, estéticas, intenção e sentido (...). Seria muito difícil e provavelmente inútil, desconstruir e analisar manchas criativas de tão grande e diversa subjectividade, experimentação e procura (do graal de cada um). Não vamos por aí.
3. A obra em presença resulta de uma comum paixão; não é apenas um espaço de divulgação poética e para-poética com ecletismos, “ecumenismos”, nostalgias, futurismos, diferenças, atitudes, descobertas, revelações... pretende também e mais do que tudo, aferir, “fazer-desenvolver” e facultar uma alternativa intercultural e se possível transcultural, estabelecendo um sistema global de comunicação, de crítica e debate - ser alternativa, dar expressão e sentido aos processos criativos em Língua Portuguesa.
4. E porque há coragem, sonho, amor, vontade de partilha, cumplicidades, mistérios, encantamentos, desejos..., ficou menos tímida e um pouco mais ousada, a Musa oculta e irregular que habita a espiritualidade dos homens.
5. Porque escrever é um acto de solidão e porque publicar é sempre um acto de resistência, de muita coragem e ousadia, um renovado e intenso abraço a todos os autores que - ao longo destes anos desde 1999 (Volume I) - tornaram possível este projecto até este último Volume XX.
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Poiesis XX
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Lançamento do livro Entre-Corpos, 29/10/2011, Aveiro
Leitura de um dos poemas emblemáticos deste livro, "As rosas chamam-me".
Ana Paula Mabrouk lê um poema.
Lançamento do livro "Entre-Corpos", de Isabel Rosete, edições Ecopy, na Livraria Bertrand, Fórum Aveiro, em Aveiro, no dia 29 de Outubro de 2011, pelas 21H30.
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Entre-Corpos
Pensamento do dia
"O privilégio de uma extraordinária lucidez paga-se caro."
Jacinto Prado Coelho, in Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, Ed. Verbo
Jacinto Prado Coelho, in Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, Ed. Verbo
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pensamentos
sábado, 29 de outubro de 2011
Convido todos os interessados a participar no lançamento do livro "Entre-Corpos" de Isabel Rosete, Edicoes Ecopy, no dia 29 de Outubro de 2011, Sábado, às 21.30 h, na livraria Bertrand - Fórum/Aveiro, em Aveiro.
Prefácio e apresentação do Poeta e Doutor Honoris Causa Jão Tomaz Parreira.
«O impulso à umbilical comunhão dos corpos cresce numa escala vertiginosa, que desatina e não atina em absoluto. Há a inquietude irritante e ardente dos amores não vividos, num intenso enorme, ou numa quase loucura do ser que não é, mas que fustiga e não pára e não se aquieta. Assoma o prazer desejado sem contenção, nem dos músculos, nem das veias, nem das vísceras, nem das células.
Ergue-se, num escasso instante, o turbilhão existencial que nos transporta para múltiplos estados outros, jamais cogitados. Instala-se o novo, o inesperado, a súbita palpitação do Coração desprevenido emersa pela paixão que, freneticamente, se desenrola sem rumo determinado.
O Amor vulcaniza-se pelos meandros da Vida e da Morte e derrama a sua lava, incandescente, em todas as direcções. Não escolhe trilhos. Não tem deliberações. Apenas escorre, flui, goteja, mas nunca se esgota. Há sempre um rasto que fica no e para além do Tempo.»
Isabel Rosete
Prefácio e apresentação do Poeta e Doutor Honoris Causa Jão Tomaz Parreira.
«O impulso à umbilical comunhão dos corpos cresce numa escala vertiginosa, que desatina e não atina em absoluto. Há a inquietude irritante e ardente dos amores não vividos, num intenso enorme, ou numa quase loucura do ser que não é, mas que fustiga e não pára e não se aquieta. Assoma o prazer desejado sem contenção, nem dos músculos, nem das veias, nem das vísceras, nem das células.
Ergue-se, num escasso instante, o turbilhão existencial que nos transporta para múltiplos estados outros, jamais cogitados. Instala-se o novo, o inesperado, a súbita palpitação do Coração desprevenido emersa pela paixão que, freneticamente, se desenrola sem rumo determinado.
O Amor vulcaniza-se pelos meandros da Vida e da Morte e derrama a sua lava, incandescente, em todas as direcções. Não escolhe trilhos. Não tem deliberações. Apenas escorre, flui, goteja, mas nunca se esgota. Há sempre um rasto que fica no e para além do Tempo.»
Isabel Rosete
Ainda as Crónicas da Arte e da Vida
«"CRÓNICAS DA ARTE E DA VIDA", de Ana Paula Mabrouk, é uma pequena-grande obra absolutamente recomendável, quer pela escrita da autora, quer pelo livro em que foi inspirada para lhe dar a sua Voz própria: "CARTAS A UM POETA", de RAINER MARIA RILKE, o GRANDE POETA alemão das rosas, das fontes, das "montanhas do coração", do Aberto, das paixões/amores não correspondidos, a morte, esse outro lado da vida que não está iluminado/virado para nós..., dos conselhos àqueles que o admiram/veneram e, como ele, também querem ser Poetas. Um "manual" epistolar de Rilke sobre como fazer Poesia, onde a Vida Interior e a "grande solidão", do Mundo e de si próprio, se tornam Obras de Arte no seu teor mais genuíno.»
Isabel Rosete
Isabel Rosete
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Crónicas da Arte e da vida
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Há dias em que é difícil viver...
É que às vezes eu queria julgar que as minhas mãos eram de princesa,
Gostava de ver a minha face reflectida,
Porque podia sonhar que era a face de outra criatura."
Bernardo Soares, Livro do Desassossego, Assírio & Alvim Ed
Gostava de ver a minha face reflectida,
Porque podia sonhar que era a face de outra criatura."
Bernardo Soares, Livro do Desassossego, Assírio & Alvim Ed
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Desassossego
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Lançamento do livro Poiesis XX
Editorial Minerva e os autores têm o prazer de convidar V. Exª, família e amigos, para a sessão de apresentação da POIESIS - antologia de poesia e prosa-poética portuguesa contemporânea,Volume XX, 60 autores, a realizar no dia 5 (Sábado) de Novembro de 2011 pelas 15:30 horas em:
Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro
Antigo Solar da Nora
Estrada de Telheiras – Lisboa
Apresentação dos autores e da obra pelo “animador de ideias” Ângelo Rodrigues.
Todos os autores interessados terão oportunidade de uma breve intervenção.
Selecção e leitura de dois poemas da obra por von Trina.
Apontamento de dança contemporânea - «Exercício Jack» - por Elisa Ferreira.
Gratos pela honra da comparência
Será servido um Licor de Honra
AUTORES
Adelaide Carmona Neto
Amaral Jorge
Ana Paula Mabrouk
Ana Wiesenberger
António Boavida Pinheiro
António Gallobar
António Peneda
António Sousa Moreira
Aristides Victor
Aurélio Barata Vivas
Beatriz Barroso
Bernardete Costa
Carlos Costa
Carvalho Marques
David Marcos Borralho Pereira
Delmar Maia Gonçalves
Elisa Ferreira
Elsa.M
Emílio Lima
Fátima Vivas
Felisbela Fontes
Fernanda Lúcia
Fernando Augusto Esteves Resende
Fernando Miguel Moreira
Gilberto Santos
Ilda Pinto Almeida
Irondina Viegas
Isabel Sá Lopes
Ivone de Queiroz
Jesus Varela
João Brito Sousa
José António de Sousa Pinto
José Branquinho
José Marques
Júlio Mendes “Jumé”
Lúcia Lupenny Rodrigues
Luís Pedras
Luísa Ferreira Redondo
Mafalda S S Vidal
Manuel José Caria Gonçalves
Maria do Céu S.
Maria Correia
Maria Helena Dinis Prata Tomás
Maria João de Carvalho Martins
Maria Paula Maurício
Maria Petronilho
Maria Teresa Varela Cid
Maria Victória Rodrigues Pereira
Miguel Portela
Moreira Balde
Paulo Matos
Pedro Belo Clara
Piedade Araújo Sol
Roberto Tavares
Rosélia Maria Guerreiro Martins
Rubenita Neves
Rui Ramalho
Sérgio Fonseca
Severino Moreira
Sónia Carvalho
Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro
Antigo Solar da Nora
Estrada de Telheiras – Lisboa
Apresentação dos autores e da obra pelo “animador de ideias” Ângelo Rodrigues.
Todos os autores interessados terão oportunidade de uma breve intervenção.
Selecção e leitura de dois poemas da obra por von Trina.
Apontamento de dança contemporânea - «Exercício Jack» - por Elisa Ferreira.
Gratos pela honra da comparência
Será servido um Licor de Honra
AUTORES
Adelaide Carmona Neto
Amaral Jorge
Ana Paula Mabrouk
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Elsa.M
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Poiesis XX
domingo, 16 de outubro de 2011
Mais um vídeo sobre Crónicas da Arte e da Vida
Caros amigos e leitores,
no blogue da Editorial Minerva, vejam o editor e autor de Avulsas Impressões a apresentar o meu livro.
Beijos a todos
Ana Paula Mabrouk
SUGESTÕES DE LEITURA OUTUBRO-NOVEMBRO 2011 por migueldhera
no blogue da Editorial Minerva, vejam o editor e autor de Avulsas Impressões a apresentar o meu livro.
Beijos a todos
Ana Paula Mabrouk
SUGESTÕES DE LEITURA OUTUBRO-NOVEMBRO 2011 por migueldhera
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Crónicas da Arte e da vida
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Reportagem da Editorial Minerva
Caros amigos e leitores,
podem ver a reportagem de video e fotos no blogue da Editorial Minerva sobre o lançamento do livro Crónicas da Arte e da Vida.
http://editorialminerva.blogspot.com/2011/10/cronicas-da-arte-e-da-vida-de-ana-paula.html
«CRÓNICAS DA ARTE E DA VIDA» de Ana Paula Mabrouk - Sessão de apresentação pública na CASA MUNICIPAL DE CULTURA em Coimbra - 8 de Outubro de 2011
podem ver a reportagem de video e fotos no blogue da Editorial Minerva sobre o lançamento do livro Crónicas da Arte e da Vida.
http://editorialminerva.blogspot.com/2011/10/cronicas-da-arte-e-da-vida-de-ana-paula.html
«CRÓNICAS DA ARTE E DA VIDA» de Ana Paula Mabrouk - Sessão de apresentação pública na CASA MUNICIPAL DE CULTURA em Coimbra - 8 de Outubro de 2011
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segunda-feira, 10 de outubro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Crónica IV- Ser Artista
«Ser artista não é ser ditado pelos outros: nem sequer é uma escolha. Há trepadeiras de palavras e cascatas de conotações, que ora se enrolam em espiral nos nervos do ser, ora se despenham em lagos profundos de pensamentos azuis».
in Crónicas da Arte e da Vida
Texto de Ana Paula Mabrouk
Ilustração de Estrela Caldas
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
Marina Colasanti - Eu sei, mas não devia
Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)
Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.
O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.
Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)
Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.
O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.
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Marina Colasanti
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
O Homem que contempla
O Homem que Contempla
Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.
E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.
Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.
Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.
Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira
Fotografia de Ana Paula Mabrouk
Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.
E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.
Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.
Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.
Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira
Fotografia de Ana Paula Mabrouk
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Rilke; poesia
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Biografia de Rilke
Biografia de Rainer Maria Rilke
RAINER MARIA RILKE
Rainer Maria Rilke (1875-1926) é considerado um dos maiores poetas da Alemanha. Foi ele que criou o poema de "objecto", ou seja, o poeta tenta descrever com a maior claridade possível o objecto sobre o qual se debruça, "o silêncio da sua realidade concentrada".
O poeta nasceu em Praga em 1875. Um dos factos mais característicos da sua infância foi o facto da mãe o ter obrigado a vestir roupas de meninas, chamando-lhe inclusivamente Sophia. Talvez o desgosto de não ter nenhuma filha... De qualquer maneira, este facto marcou toda a vida do futuro poeta. Rilke culpou a mãe por essa infância, mas ao mesmo tempo ela foi a responsável pelo jovem começar a escrever poesia. Faleceu na Suiça em 1926.
Segundo Herberto Helder, a obra de Rilke começou por ser bastante influenciada pelo Impressionismo, embora já os temas principais do poeta fossem visíveis: a morte, a mística, etc. Mais, tarde, desenvolveu aquilo que eu referi antes: a poesia objectiva, embora secundada por um certo misticismo. No fundo, Rilke questionou a possibilidade do Homem viver sem Deus sendo que, neste caso, a alternativa mais provável ao aniquilamento seria a criação poética.
A obra de Rilke atingiu grande popularidade durante a Primeira Guerra Mundial e foi redescoberta nos anos de 1950; o autor é considerado atualmente um clássico da literatura mundial. Nasceu de uma família da pequena burguesia e passou anos muito duros numa academia militar, que abandonou por motivos de saúde. Após estudar Arte e Literatura em Praga, Munique e Berlim, decidiu dedicar-se à poesia em 1896, para o que contou com numerosos mecenas, na maioria aristocratas. No ano de 1898, escreveu em apenas uma noite a obra que o tornaria famoso, mas de que mais tarde se distanciaria, a balada lírica Canção de Amor e Morte do Alferes Cristóvão Rilke. Seu encontro com o escultor Auguste Rodin (1905-1906), de quem foi por breve período secretário particular, exerceu profunda influência em sua poesia. Em lugar do homem sensível, no centro de sua poesia surgem objetos reais, de que se aproxima em dois níveis: descritivamente, como faria um artista plástico, mas também com o subjetivismo implícito em toda a abordagem personalista. Surgiram assim Novos Poemas (1907), entre os quais se destacam "Pantera" e "O Carrossel". O desenvolvimento da poesia de Rilke parte de uma lírica que trabalha com sentimentos, passando pelos "poemas-objeto" de grande virtuosismo, até as exaltações mágicas e as mensagens quase indecifráveis, semelhantes a códigos que beiram a fronteira do indizível. Em 1910, foi publicado seu único romance, Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, que abriu novos caminhos no gênero. Trata-se de um diário supostamente escrito por um jovem poeta dinamarquês que vive em Paris, com características autobiográficas e que, na forma, reflete a crise existencial e da sociedade do final do século XIX. Em 1923, Rilke terminou as Elegias de Duíno e os Sonetos de Orfeu. Outras obras importantes do autor são: O Livro das Imagens (1902) e O Livro das Horas (1899-1903).
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Solidão de Rainer Maria Rilke
Solidão
A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.
Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:
então, a solidão vai com os rios...
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira
Foto de Ana Paula Mabrouk
A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.
Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:
então, a solidão vai com os rios...
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira
Foto de Ana Paula Mabrouk
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segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Nova exposição de Rute Reimão
No próximo dia 10 de Setembro na Galeria Augusto Bértholo (Alhandra, Vila Franca de Xira) Rute Reimão inaugura uma nova exposição. Um novo olhar sobre esta terra.
Para saber mais sobre Rute Reimão consultem os sites abaixo indicados:
http://www.reimao.blogspot.com/
www.flickr.com/photos/reimao
Para saber mais sobre Rute Reimão consultem os sites abaixo indicados:
http://www.reimao.blogspot.com/
www.flickr.com/photos/reimao
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sábado, 27 de agosto de 2011
V ENCONTRO DE POETAS POPULARES NO CONCELHO DE AVIS
A AMIGOS DO CONCELHO DE AVIZ - ASSOCIAÇÃO CULTURAL, (ACA-AC), em parceria com a Associação de Solidariedade de Reformados, Pensionistas e Idosos de Alcórrego, e o apoio do Município de Avis e da Junta de Freguesia de Alcórrego, vai realizar o V ENCONTRO DE POETAS POPULARES NO CONCELHO DE AVIS, no próximo dia 10 de Setembro, a partir das 14 horas no Salão da Junta de Freguesia de Alcórrego.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Novo livro- Crónicas da arte e da vida
Caros leitores e amigos,
está em fase de elaboração o meu próximo livro intitulado Crónicas da Arte e da Vida, que está previsto para sair em Setembro próximo. Convido-vos a consultarem o blogue da editora- Editorial Minerva - no qual já se encontra a capa e a introdução do mesmo.
Óptimas leituras.
Ana Paula Mabrouk
quarta-feira, 20 de julho de 2011
1ª Crónica do novo livro Crónicas da Arte e da Vida
Crónica I
Poeta maldito
24 de Agosto de 2009
Casais do Campo
Ana Paula Mabrouk
Poeta maldito
«Há só um caminho: entre em si próprio e procure a necessidade que o faz escrever. Veja se essa necessidade tem raízes no mais profundo do seu coração. […] …então construa a sua vida segundo esta necessidade.»
Rainer-Marie Rilke
Rainer-Marie Rilke
Gostava de ser um poeta como os demais. Falar do mar, das estrelas, dos verdes campos. Saber usar palavras doces e metáforas gentis. Ser de fácil leitura e de pouca polémica. Gostava de «ser de companhia» e fazer serão a senhoras imaculadas, rodeadas de chá e cavalheiros espirituosos. Gostava de circular nos salões de sociedade e nas tertúlias literárias. Ser consensual e de brandos costumes.
Mas arde em mim uma sarça perene que clama em altos brados, que atroa nos meus ouvidos e que martela nos meus neurónios. Há uma chama que exige paixão e dor e martírio. Põe nos meus lábios vocábulos que incomodam e nos meus dedos segredos ímpios que se revelam sem pudor. Não sou de salão, nem de chá de camomila e, se calhar, nem poeta.
Sou tubérculo retorcido de gengibre, chá preto da Índia pobre e jindungo africano. Toco e pico como uma urtiga que não se esquece. E no rubor da pele deixo minha marca rubra, sem anestesia. Sou rainha-mãe dos zangões e pico como ninguém. Ninguém esquece minha ferroada.
Procurei por todo o lado o mel para a minha alma inquieta. Percorri estradas e tentei seguir as placas e obedecer às indicações. Viajei, busquei e regressei ao ponto de partida tão insatisfeita como quando parti. Nem na lonjura do mar nem no conforto do lar me senti viva e plena.
Interroguei as pedras dos caminhos, os silvados de amoras negras e os riachos sussurrantes. Esperei em vão respostas de outros, do Alto, do Além. E na plenitude da escuridão de um céu sem estrelas, descobri que o vazio em excesso e que o bálsamo em falta residiam ambos comigo. Sempre tinham habitado e coexistido, lado a lado.
Não sou poeta como os outros, nem o gostava de ser afinal! Sou assim: poeta maldito, mal-amado, malfadado. Mas sou inteira: duas faces de uma mesma moeda. Sou doença e cura, moléstia e remédio. Escrevo em prosa e em verso este meu ser de alfabeto. Sou t de tudo e u de única. Princípio e fim; alfa e ómega. E neste caos das palavras nasço e morro mil vezes qual Fénix deslumbrante nas suas asas multicolores num monocromático céu azul.
Escrevo e vivo ao sabor da pena.
Casais do Campo
Ana Paula Mabrouk
Capa do livro da autoria de Estrela Caldas Zoll
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quinta-feira, 23 de junho de 2011
Infinitos
Infinitos
Um dia
Hei-de escrever
Infinitos
Com palavras dentro
Enviarei
Pombas brancas
Revestidas
De penas
E plumas
Leves
De algodão
Escreverão
Nos olhos
Dos leitores
Um poema
Solto
Da minha mão
Um dia
Hei-de escrever
Infinitos
Com palavras dentro
Enviarei
Pombas brancas
Revestidas
De penas
E plumas
Leves
De algodão
Escreverão
Nos olhos
Dos leitores
Um poema
Solto
Da minha mão
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segunda-feira, 30 de maio de 2011
Chamamento
Poema escrito sobre a temática do mar
Encontro Luso-Poético de Aveiro
28 e 29 de Maio 2011
Chamamento
Quero ir
E vou ficando
Além-mar
Aquém-dor
Tenho olhos de nuvens
E algas de (a)braços
Gaivotas em terra
Num mar de sargaços
Quero ir
E vou ficando
Apelo de sereia
Âncora de limos
Vogo nas ondas altas
Enterrando os pés a fundo
No areal da saudade
Despojo de outro mundo
Quero ir
E vou ficando
Salpico de onda
Búzio sem mar
Parti na traineira
Que sulcou o mar
Veleiro encalhado
Com velas sem ar
Quero ir
E vou ficando
Até ao fim do mundo
No centro do meu chão
Chamamento da distância
Redes vazias nas mãos
Na Terra Nova, os beijos
Sonhos movediços, vãos
Quero ir
E vou ficando
No horizonte da partida
No cais da minha vida
Solto a vontade liberta
Lanço conchas no areal
No vento lanço meu esto
No rosto há ruas de sal
Quero ir
E vou ficando
Ao oriente do sol
Ao ocidente do ocaso
Ergo uma proa altiva
Das águas da imensidão
Marejo olhos tristes
Na espuma da rebentação
Quero ir
E vou ficando
No alento da viagem
Na solidão da margem
27-05-2011
Ana Paula Mabrouk
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segunda-feira, 23 de maio de 2011
Encontro Luso Espanhol 2011
O Grupo Poético de Aveiro promoverá nos dias 28 e 29 de Maio mais um Encontro Poético Luso Espanhol no qual reunirá, sob o tema do Mar, poetas de Espanha e de Portugal. Para comemorar substantivamente 18 anos de actividade ininterrupta neste domínio do intercâmbio poético e da divulgação da poesia.
Os convidados espanhóis, que integram Grupos poéticos-irmãos do GPA, para este evento são:
Francisco X. Fernández Naval - Corunha
Asun Estévez - Pontevedra
Do Grupo Literário e Artístico de Sarmiento de Valladolid:
José António Vale Alonso
Araceli Saguillo
Do Circulo Poético Ourensano:
María Glez. Méndez
José Ramón Morgade
Do Colectivo Poético Penúltimo Acto da Galiza:
Rosa Negra
Cruz Martínez
Também estará presente, como convidado especial, o poeta João Rasteiro de Coimbra.
O programa público será como segue:
Sábado dia 28 de Maio
15:30h – A Poesia – Palestra João Rasteiro - Feira do Livro de Aveiro
16:00 - Declamação de poemas da última revista do GPA – Feira do Livro de Aveiro
17:30 - Passeio poético de Barco Moliceiro
19:00 - Apresentação e declamações - Feira do Livro de Aveiro
Domingo dia 29 de Maio
11:30h – Recital - Concerto Poético com o músico Paulo Mota
Navio Museu Santo André
Apareçam nesta festa da Poesia.
Saudações poéticas,
Grupo Poético de Aveiro
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; encontros de escritores,
GPA
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Quarteirão primavera 2011
A Cooperativa Teatro dos Castelos irá realizar o Festival Quarteirão Primavera 2011 que terá lugar na vila de Montemor-o-Velho, de 20 de Maio a 12 de Junho.
Para saber mais, consulte o site: http://www.teatrodoscastelos.org/
Para saber mais, consulte o site: http://www.teatrodoscastelos.org/
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