Poema escrito sobre a temática do mar
Encontro Luso-Poético de Aveiro
28 e 29 de Maio 2011
Chamamento
Quero ir
E vou ficando
Além-mar
Aquém-dor
Tenho olhos de nuvens
E algas de (a)braços
Gaivotas em terra
Num mar de sargaços
Quero ir
E vou ficando
Apelo de sereia
Âncora de limos
Vogo nas ondas altas
Enterrando os pés a fundo
No areal da saudade
Despojo de outro mundo
Quero ir
E vou ficando
Salpico de onda
Búzio sem mar
Parti na traineira
Que sulcou o mar
Veleiro encalhado
Com velas sem ar
Quero ir
E vou ficando
Até ao fim do mundo
No centro do meu chão
Chamamento da distância
Redes vazias nas mãos
Na Terra Nova, os beijos
Sonhos movediços, vãos
Quero ir
E vou ficando
No horizonte da partida
No cais da minha vida
Solto a vontade liberta
Lanço conchas no areal
No vento lanço meu esto
No rosto há ruas de sal
Quero ir
E vou ficando
Ao oriente do sol
Ao ocidente do ocaso
Ergo uma proa altiva
Das águas da imensidão
Marejo olhos tristes
Na espuma da rebentação
Quero ir
E vou ficando
No alento da viagem
Na solidão da margem
27-05-2011
Ana Paula Mabrouk
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPara quê ficar se se teima tanto em ir? :D
ResponderEliminar"Vogo nas ondas altas
Enterrando os pés a fundo
No areal da saudade
Despojo de outro mundo", o sonho voa alto e se o chamamento é para o cumprir para quê querer ir e ir ficando?
“Quero ir
E vou ficando
Até ao fim do mundo
No centro do meu chão”, pois e o nosso chão é sempre o mais importante, mas também é necessário largarmo-nos dele e adejar alto. Para quê estar apenas assente no plano e não voar profundamente como desejamos e ambicionamos?
"Quero ir
E vou ficando
No alento da viagem
Na solidão da margem" e se a viagem se faz com alento não vale a pena desistir por inconvenientes como a solidão. Seguir em frente, lutar contra esses agentes desalentadores.
Se nos chamam, se queremos ir, para quê complicar ou deixarmo-nos ser débeis?
Este poema é admirável e, se for lograda uma leitura ponderante, é imensamente grandioso.
Guilherme Monteiro
Magnânimo o comentário. O poema não é assim tão grandioso mas é sentido.
ResponderEliminarNem sempre é tão fácil assim deixarmos tudo para trás e partir à aventura. Os laços que nos prendem amarram-nos ao real quando no peito nos bate um espírito livre e indomável. Fica a eterna dualidade entre a pessoa e o escritor...
Beijos
Ana Paula