Coquette
Olho-me no espelho
E vejo a diva de outrora.
Os lábios eram de carmim
Carnudos e ávidos de provocações.
Os olhos chispavam de riso
E labaredavam segredos inconfessáveis.
As maças de rosto empoeiradas e rosadas
Ofereciam-se para ser trincadas a gosto.
A testa alta ostentava cabelos rebeldes
Que deslizavam na pele aveludada.
O nariz empinado de quem tudo comanda
Perfilava-se atrevido, desafiando em redor.
O colo desnudo espreitava do decote ousado
E convidava a mil devaneios.
Os anos passaram mas a chama ainda se aviva
Quando entras sem avisar
E me surpreendes pelas costas
Com um beijo húmido
E um abraço apertado.
Estremece o corpo pequeno
Ateio o desejo adormecido
E agarro a gravata descaída
Com dedos de gazela treinada
Atraindo-te para o meu covil
Fêmea com cio atiçado
Macho para a cópula preparado.
20-11-2010
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