Nuno Camarneiro nasceu na Figueira da Foz em 1977. Licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) e doutorou-se em Ciência Aplicada ao Património Cultural pela Universidade de Florença. Atualmente desenvolve a sua investigação na Universidade de Aveiro e é docente no Departamento de Ciências da Educação e do Património da Universidade Portucalense. Em 2011 publicou o seu primeiro romance “No Meu Peito Não Cabem Pássaros”, saudado pela crítica, publicado também no Brasil e cuja tradução francesa está prevista para breve. Foi o primeiro autor escolhido pela Biblioteca Municipal de Oeiras, parceira portuguesa da iniciativa, para participar no Festival do Primeiro Romance de Chambéry, França. Publicou um texto na prestigiada Nouvelle Revue Française na rubrica Un mot d’ailleurs e tem diversos contos em revistas nacionais e estrangeiras. Foi vencedor do Prémio Leya em 2012 com o romance “Debaixo de Algum Céu”.
Entrevista com Nuno Camarneiro, um dos escritores presentes no 3º Encontro com Escritores da Lusofonia à Revista Literária Digital "Livros & Leituras.
Livros & Leituras – Como é que a escrita entrou na sua vida e que papel ocupa?
Nuno Camarneiro – A escrita esteve sempre presente, sobretudo enquanto leitor. Um dia quis experimentar o outro lado da página, e foi assim que comecei a escrever.
L&L – Escreve por inspiração ou objeto de um trabalho apurado e consciente?
NC – As duas componentes estão presentes. Há muitos textos que surgem através de observações que faço ou ideias que vou ruminando, outros surgem de leituras e há outros ainda que vêm de onde eu não sei.
L&L – No seu entender, há uma verdadeira comunidade de escritores lusófonos, unidos em torno da Língua Portuguesa, sem fronteiras de nacionalidade?
NC – Não sei até que ponto ela existe mesmo ou é uma criação política algo artificial. Vamo-nos lendo e tendo conhecimento do que se faz, mas não estou certo de que um autor português privilegie outros autores lusófonos e vice-versa.
L&L – De que forma pode a Literatura reforçar os laços no espaço da Lusofonia?
NC – A língua portuguesa é provavelmente a melhor herança do império, a mais douradora, a mais benigna e a mais eficaz. A literatura (quando é boa) resiste aos traumas históricos de uma e outra parte.
L&L – Enquanto escritor(a), que dificuldades encontra, no que diz respeito à edição e divulgação do seu trabalho?
NC – Não tenho razões de queixa, o prémio Leya deu-me uma notoriedade precoce e ajudou muito a divulgar os meus livros. Ainda assim, a verdade é que a literatura portuguesa não tem um espaço mediático proporcional à sua importância e vigor.
L&L – Que estratégias de incentivo à leitura gostaria de ver implementadas?
NC – Gostaria que se encontrasse forma de baixar o preço dos livros e de dar melhores condições aos livreiros independentes.
L&L – Acha que o uso das novas tecnologias desvaloriza os encontros com escritores e outras atividades presenciais, nomeadamente, o contacto com os leitores?
NC – As novas tecnologias podem ser dispersivas, mas os verdadeiros leitores fazem uso delas para potenciar as suas leituras. Também a divulgação de encontros pode ser feita de forma muito eficiente nas redes sociais.
L&L – Tem preferência pelo livro em suporte de papel ou crê que os suportes digitais são o futuro?
NC – Eu continuo a preferir o papel, mas creio que os dois formatos vão coexistir em contextos diferentes.
L&L – Para os leitores que estiverem a pensar em ler um livro seu, pela primeira vez, qual aconselha e porquê?
NC – Aconselho o primeiro, o “No Meu Peito Não Cabem Pássaros”, simplesmente porque poderão entender melhor essa minha transição da leitura para a escrita.
L&L – Que projetos literários tem para o futuro?
NC – Estou a escrever um novo romance e a experimentar outros formatos que ainda não sei se serão publicados.
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