Sempre admirei o humor acutilante de Rui Zink e, por vezes, a sua loucura numa sociedade conservadora como a nossa. Aconselho, vivamente, a leitura da entrevista dada a Lurdes Breda na revista Livros & Leituras, assim como a leitura do seu último livro Anibaleitor.
Aqui fica um trecho da entrevista:
L&L – Em jeito sarcástico e divertido, o “Anibaleitor” conta uma aventura didática no mundo dos livros e da leitura. Levar as pessoas a lerem é uma “cruzada”?
RZ – Cruzes credo! Nem cruzada nem catequese, quando muito um convite para um cruzeiro. Ler torna-nos melhores, disso não tenho dúvida. O que não quer dizer que nos torne “bons”. Haverá sempre brutos, mas acho que um racista que leia, por exemplo, “A cor púrpura”, pode pensar duas vezes na sua tara. Ler implica empatia com as personagens, compreender os motivos dos outros, as suas paixões, as suas formas de estar na vida. Informa-nos, sem gritarias, que somos todos diferentes mas parte de um mesmo molde. L&L – Diria que os livros são um território sagrado na era da Informação?
RZ – Bom, actualmente o templo está um bocado ocupado pelos vendilhões… Mas alguns livros (muitos, na verdade) ainda são um espaço de resistência à ditadura do esquecimento. Temos de viver o presente, mas viver só no presente é redutor, empobrecedor, estupidificante. A leitura, pela sua lentidão, recato, recusa do imediato, é um bom antídoto contra a voracidade do imediato. Ao contrário dos bois e das vaquinhas, nós vivemos em simultâneo no presente, passado e futuro, somos animais imaginativos. Mas andam a querer transformar-nos em ruminantes…
Leiam a entrevista na íntegra em
http://www.livroseleituras.com/index.php?option=com_content&view=article&id=657:ao-contrario-dos-bois-e-das-vaquinhas-nos-vivemos-em-simultaneo-no-presente-passado-e-futuro-somos-animais-imaginativos-mas-andam-a-querer-transformar-nos-em-ruminantes&catid=64:escritores&Itemid=75
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