domingo, 30 de maio de 2010

Hoje contrariámos este poema da minha autoria

Já não há poetas



Já não há poetas.

Já ninguém escreve poesia.

Ninguém mais diz

O que lhe vai na alma

Em versos doridos.

Ninguém verte uma lágrima

Ao escrevê-los.

Nem sequer rabiscos

Nos guardanapos do café

Ou nos papéis amarrotados.

Nem mesmo às escondidas

Nas contracapas dos livros escolares.

Ninguém mais sonha

Com tinta no branco das folhas,

Nas margens dos jornais.



Morreram os sonhadores.

No Outono do fim da vida

Já não se apanham folhas caídas:

São varridas para baixo da garagem real

Do quotidiano e esquecidas.

Folhas mortas da árvore da vida.

Ana Paula Mabrouk

2 comentários:

  1. Como são verdade, essas suas palavras professora. Parece que já ninguém consegue ver a beleza das palavras, o prazer que é construí-las e sonhá-las.
    Mas felizmente, esses "sonhadores" ainda não se dissiparam todos. Ainda há aqueles que dão o devido valor a um belo poema :-)

    Beijo
    Vélia Margarida

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  2. Cara Vélia,

    o poeta sente de uma forma diferente e por isso escreve o seu viver de forma diferente também. É uma forma de vida, muitas vezes à margem: dolorosa mas cheia de sentidos que o comum dos mortais não enxerga.
    É-se poeta/escritorporque não se tem escolha...

    Beijos grandes
    Ana Paula

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