segunda-feira, 30 de maio de 2011

Chamamento

Poema escrito sobre a temática do mar

Encontro Luso-Poético de Aveiro

28 e 29 de Maio 2011



Chamamento



Quero ir

E vou ficando



Além-mar

Aquém-dor



Tenho olhos de nuvens

E algas de (a)braços

Gaivotas em terra

Num mar de sargaços



Quero ir

E vou ficando



Apelo de sereia

Âncora de limos



Vogo nas ondas altas

Enterrando os pés a fundo

No areal da saudade

Despojo de outro mundo


Quero ir

E vou ficando



Salpico de onda

Búzio sem mar



Parti na traineira

Que sulcou o mar

Veleiro encalhado

Com velas sem ar



Quero ir

E vou ficando



Até ao fim do mundo

No centro do meu chão



Chamamento da distância

Redes vazias nas mãos

Na Terra Nova, os beijos

Sonhos movediços, vãos



Quero ir

E vou ficando



No horizonte da partida

No cais da minha vida


Solto a vontade liberta

Lanço conchas no areal

No vento lanço meu esto

No rosto há ruas de sal



Quero ir

E vou ficando



Ao oriente do sol

Ao ocidente do ocaso



Ergo uma proa altiva

Das águas da imensidão

Marejo olhos tristes

Na espuma da rebentação



Quero ir

E vou ficando



No alento da viagem

Na solidão da margem



27-05-2011

Ana Paula Mabrouk

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Encontro Luso Espanhol 2011



O Grupo Poético de Aveiro promoverá nos dias 28 e 29 de Maio mais um Encontro Poético Luso Espanhol no qual reunirá, sob o tema do Mar, poetas de Espanha e de Portugal. Para comemorar substantivamente 18 anos de actividade ininterrupta neste domínio do intercâmbio poético e da divulgação da poesia.




Os convidados espanhóis, que integram Grupos poéticos-irmãos do GPA, para este evento são:



Francisco X. Fernández Naval - Corunha



Asun Estévez - Pontevedra



Do Grupo Literário e Artístico de Sarmiento de Valladolid:



José António Vale Alonso



Araceli Saguillo



Do Circulo Poético Ourensano:



María Glez. Méndez



José Ramón Morgade



Do Colectivo Poético Penúltimo Acto da Galiza:



Rosa Negra



Cruz Martínez





Também estará presente, como convidado especial, o poeta João Rasteiro de Coimbra.





O programa público será como segue:



Sábado dia 28 de Maio





15:30h – A Poesia – Palestra João Rasteiro - Feira do Livro de Aveiro



16:00 - Declamação de poemas da última revista do GPA – Feira do Livro de Aveiro



17:30 - Passeio poético de Barco Moliceiro



19:00 - Apresentação e declamações - Feira do Livro de Aveiro





Domingo dia 29 de Maio





11:30h – Recital - Concerto Poético com o músico Paulo Mota



Navio Museu Santo André









Apareçam nesta festa da Poesia.



Saudações poéticas,



Grupo Poético de Aveiro

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quarteirão primavera 2011

A Cooperativa Teatro dos Castelos irá realizar o Festival Quarteirão Primavera 2011 que terá lugar na vila de Montemor-o-Velho, de 20 de Maio a 12 de Junho.





Para saber mais, consulte o site: http://www.teatrodoscastelos.org/

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Menção honrosa nos IX Jogos Florais de Avis

Caros leitores e amigos,

O meu conto A Notícia granjeou uma menção honrosa nos IX Jogos Florais de Avis, subordinados ao tema O Saber.

Aqui fica o texto com votos de boa leitura.

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A Notícia

Foi naquele dia de festa. Uma festa ruidosa, de mil vozes coroada. Rostos novos cruzavam-se no espaço já gasto da sala de cheiros antigos. Havia sangue novo nos amores dos netos e uma felicidade tranquila nos olhos dos avós. Uma mirada benévola de quem já teve amores novos e, ainda que lembrando, já não lhes distingue os traços na névoa da memória.




Circulavam canapés de histórias, regados com aperitivos de alegria. Era um prólogo feliz de uma história familiar cuja tradição se perdia no tempo. Um álbum com folhas de passado, presente e futuro. Uma foto reportagem de gente real com enredos prosaicos mas com personagens vincadas. Que choram, riem e contam histórias de vida.

Em breve entrariam as terrinas da canja com ovos de promessas e as travessas abundantes de saladas mistas de projectos das gerações mais novas. Seguir-se-iam pratos de peixe e pratos de carne para todos os gostos e diferentes paladares. Viriam acompanhados por brancos leves, borbulhando de energia e tintos maduros, de resistência feitos.



A algazarra das vozes elevava-se da mesa dos comensais e lutava-se por uns momentos de atenção familiar. Cada um tinha uma novidade premente, de importância capital nas suas vidas breves. Os mais velhos escutavam em silêncio, habituados à espera. Sábios guardadores das estórias das suas vidas longas. Paciência e intervenções oportunas compensariam o fim da fila. Os primeiros das últimas estórias. O primeiro lugar do saber.

Todos se calariam para dar lugar ao comentário do avô Francisco ou à anedota do avô Joaquim. Marotice nos olhos brilhantes e vagares nos lábios trémulos. Verdadeiros almanaques ambulantes de tradição oral.



Entre dentadas de prazeres terrenos, a satisfação da gula. A curiosidade em relação à Irina, a nova namorada ucraniana do João: Jovem esbelta e de traços clássicos. Muito magrinha, esta estrangeira! – diria a avó Camila. Elas não comem? O que você precisa é de uma bela canja de galinha caseira e um naco de carne assada. Oh, mãe! – diria eu contrariada. Deixe a miúda em paz. A mim, o que mais impressão me faz, é o gedelhudo da Guidinha. Não há tesouras lá no país de onde vem? – indignava-se a avó Carolina, em confidência na cozinha. Desde que não faça rabos-de-cavalo como o anterior… Menos mal! – diria o avô Joaquim, à socapa. São outros tempos – apaziguaria eu, em tom de desculpa. Pois sim, pois sim….- resmungaria, entre dentes, a avó Carolina. Riria o João, a Guidinha responderia com um beijo terno na testa da anciã.

São boas pessoas – remataria eu a conversa e os enfeites da travessa.



E boas pessoas eram. Num Portugal de miscigenação do século XXI, na boa tradição de exploradores da nossa História, aqui estávamos nós a descobrir o mundo e a dar outros novos mundos ao nosso mundo. Entrecruzar de raças, entrelaçar de culturas, estreitar de filosofias de vida.



No meio de tanto saber diferente, só eu tinha um saber que todos desconheciam. Uma notícia que calava no nó da garganta. Uma novidade que não podia ser dada a uma mesa de festa. Uma má nova que arruinaria o almoço dos filhos e dos amores dos filhos, avós e pais de um amor que um dia se foi embora.



Era o pilar de uma família e sentia-me com pés de barro. Estátua cuja inscrição na base estava oculta pela fotografia de família. Linfoma não combina com festa de Verão nem rima com alegria. Não se serve à sobremesa com Charlotte de chocolate ou Bavaroise de ananás. Nem sequer acompanha bem o café que culmina o repasto familiar. Num Domingo de longa pausa gastronómica, o segredo da receita ficara bem guardado. No livro de culinária do coração. Saber nem sempre é sabor.



Guardei pois a notícia para mim e engoli-a com café aromático doce, servido em chávena de porcelana. Com requinte. Até para se calar é preciso ter delicadeza. Olhava-os com os olhos da alma e pensava se tudo isto seria o começo do fim ou um novo começo de um fim adiado. Uma fatalidade ou uma oportunidade, servida de bandeja? Uma noz podre no cesto dos frutos para saborear ao serão, sob o céu estrelado ou uma cereja na última fatia de torta cremosa? Era preciso escolher e ter a sorte do nosso lado na hora decisiva. E rezar para que o mundo conspirasse a nosso favor.



Olhei-os uma vez mais e sorri, pensando que aqueles que amamos não precisam de saber tudo sobre nós, o tempo inteiro. Por vezes o melhor saber é, de facto, não saber nada. Nem suspeitar, nem indiciar, sequer. A melhor opção é sempre viver. O futuro será sempre aquilo que a vida decidir. O presente é nosso para o agarrar com ambas as mãos e erguer uma taça à nossa saúde.



Brindamos? – perguntou o João.

Saúde! – gritaram todos, com os copos de champanhe a transbordar de esperança.



27-02-2011

Ana Paula Mabrouk

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mini-reportagem fotográfica de Pontevedra

No último fim-de-semana fui convidada para apresentar o livro os pássaros habitam a casa, de Orlando Jorge Figueiredo em Pontevedra.




No mesmo Acto de Presentacíon, esteve também Olinda Beja com o seu novo livro O cruzeiro do sul, cuja apresentação esteve a cargo do editor Fernando Luis Pérez Poza.




 
Abrilhantando a cerimónia, o percussionista Bilal Traoré encantou a assistência com o seu djambé.


Embora tivéssemos só ficado uma noite, consegui ainda visitar o centro histórico do qual deixo algummas fotografias.




 
Casa Brasonada
 
 
 
 
 
 
 
 
Igreja da Peregrina

Plaza San José                                                                








                      Fiel Constraste
Cruzeiro de 1773



Escultura do escritor Valle Inclán
Restaurante na Plaza da Leña