segunda-feira, 22 de abril de 2013

Antologia da Moderna Poética Portuguesa

Caros amigos e leitores,

no passado dia 23 de fevereiro participei no lançamento da Moderna Poética Portuguesa, da qual faço parte com 4 poemas, não inéditos mas não publicados. O evento teve lugar no âmbito da Semana Cultural do Fantasporto, no Teatro Rivoli no Porto.

Aqui ficam algumas fotos e dois dos poemas que vão integrar ao meu próximo livro Paixão em 5 atos, livro premiado com Menção Honrosa no Concurso Nacional de Poesia da Vila de Fãnzeres, edição de 2012.

Eu e Ana Homem de Albergaria (poeta)

 Eu e Conceição Manaia (amiga)


 
no vento
voa, veloz no vento
solta, singular e singela
minh’alma de andorinha
quase paira, quase pousa
no beiral do teu telhado
no ninho da minha vida
 
 
 
quando chegas
 
 
abro a saudade
entrando teu abraço
pousas o teu cansaço
do lado de cá da vida
eu enleio o pescoço
com mãos que cuidam
das sofridas ausências
como se de amor se tratasse
estaco de alegria
instantâneo de emoção
e fecho o mundo lá fora
levo-te pela minha mão
 
chegaste.
de repente
tudo faz sentido

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O teu olhar absoluto

Caros leitores e amigos,

hoje publico o último dos poemas premiados no III concurso Poesia na Biblioteca. Este poema granjeou a Menção Especial do Júri ao poema apurado extra-concurso, (dado não respeitar o Artº 8 do Regulamento no que toca ao tamanho) “LVI. O teu olhar absoluto/alba”, de Guilherme Rios.



LVI. (O teu olhar absoluto/alba)

A água continua quando acabas.
- João Negreiros

noutra idade e noutras ilhas ardendo
os veleiros sacodem os seus longos braços
de vento e estilhaços
nos teus ombros despidos

poderia então dizer-te
que te demoras nos meus ossos
como fruto sangrando ou rebentação de astros
e uma ave branca entraria na minha boca
estremecendo até à primeira luz
nesta sucessão exacta de silêncios

confessas no entanto estarmos a mais nas horas
ou que os dias abrem fendas no teu nome e no meu
e que nada mais resta senão morrer
em todas as casas onde nos tocámos

e quando falas – dizem-me –
és o equivalente preciso
de galáxias exalando a sua própria cinza
ou garças de sangue desfiando as suas asas
de fora para dentro

da nossa roupa restam vestígios
de aves de sal e de fogo
e o rio atravessa-nos
na ebulição contínua
das cidades imaginadas

lembro-me
pela manhã éramos duas ilhas
que a madrugada havia extinto
e guardavas por detrás do teu crepúsculo de mãos
o lume de quem aguarda um outro abraço
que não hesite em devorar as horas mortas

procurávamos no sono
algo que nos abrigasse das feras nocturnas
ou que nelas nos ancorasse de vez

nas ruas negras
as viúvas teciam as horas avessas
e atravessavam as clepsidras
carregando vasos de lírios adormecidos
e outras sombras

com o passar dos meses
decorámos a caligrafia exacta do medo

e hoje
no tempo depois do tempo
pergunto-me com que idade comecei a esquecer
a infância que não tive
e uma súbita urgência
de acender lumes no asfalto
alastra-se a todas as cidades do mundo

por detrás das pálpebras
cercadas pela escuridão e pelo orvalho
finjo-te narcótico sobre o gume afiado
do te amor-nebina e nada temo
excepto a hera indomável
dos teus passos estremecendo
na orla do dilúvio.

 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Quebrada me sinto

Caros amigos e leitores,
conforme prometido, continua a divulgação dos poemas premiados no III Concurso de Poesia na Biblioteca. Este poema granjeou a Menção Honrosa.




Quebrada me sinto

Quebrada, me sinto
Em mil pedaços distintos
Por esta nostalgia que asfixia
E me impede de esquecer

Talvez esquecer de verdade não queira
Talvez esta saudade seja um mero eco
Do que sinto e nego
Nestes dias frios, neste gélido inverno

Nostalgia cruel embora doce
Que me lança num passado já distante
E me prende a ti como se fosses
Cura da minha alma errante
 
Florine

segunda-feira, 15 de abril de 2013

III Concurso "Poesia na biblioteca"


Caros amigos e leitores,
a Biblioteca Municipal de Condeixa organiza há 3 anos um concurso de Poesia, do qual já me foi atribuído o 1º prémio ex-equo em 2011 e cuja antologia de poemas selecionados também integrei em 2012. Este ano decidi não concorrer, dado que estive envolvida noutros projetos. Todavia, deixo-vos aqui o resultado deste ano, começando hoje a divulgar os poemas premiados.
Boa leitura!
Ana Paula Mabrouk
Poemas premiados "III Concurso de Poesia na Biblioteca"
Biblioteca Municipal de Condeixa


Atendendo à qualidade dos poemas apresentados a concurso e tendo como referência as edições anteriores, este ano foram atribuídos os seguintes prémios: 2.º prémio ao poema “Por vezes um silêncio interior”, da autoria de Caterina Vaz; Menção Honrosa a Florine, através do poema “Quebrada, me sinto” e, ainda, Menção Especial do Júri ao poema apurado extra-concurso, (dado não respeitar o Artº 8 do Regulamento no que toca ao tamanho) “LVI. O teu olhar absoluto/alba”, de Guilherme Rios.


Por vezes um silêncio interior

Por vezes um silêncio interior
nasce em mim e vai e vem,
ao ritmo de um pêndulo
inconstante. Vem e pára,
vai e fica, preso no instante
único do agora.
Refugia-se na espera da chegada
das palavras, últimas
do Adeus para sempre
que urgem ecoar no meu destino,
de te deixar ficar quanto já foste.

E reúno-me longe
com lembranças que penetram
nos meus nervos e metamorfoseam
a realidade de um sonho
que me consome e controla!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ainda Pedro Paixão

Caros amigos e leitores,

continuo a ler Viver Todos os Dias Cansa de Pedro Paixão.

Gostava de vos deixar mais um extrato.

 Pedro Paixão
 
 
"E depois, ao perder a âncora, a paixão faz volteio dentro da cabeça. Então vem a saudade que lhe enche o peito e vive só de sombras e fantasmas com insónia É de uma fidelidade triste, porque sem motivo. Dorme-se de menos por se sonhar demais e é tudo."
 
in Amador

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Exatamente iguais: Apenas diferentes

Caros amigos e leitores,

Na sequência da publicação da última crónica que escrevi para o jornal da minha escola sobre literacia (já publicado neste blogue), recupero agora outra crónica que escrevi sobre deficiência para a edição de dezembro último. Espero que gostem tanto de a ler como eu gostei de a escrever.
 
 
Nick Vujicic
 

Exatamente iguais: Apenas diferentes

Sem braços. Sem pernas. Sem problemas. Muita gente conhece o lema de vida de Nick Vujicic e os seus inspiradores vídeos disponíveis na internet. Nick, nascido sem braços nem pernas, apenas com “uma asinha de frango” como pé, como ele próprio ironicamente refere, não se deixou vencer pela adversidade. Pesca, surfa, nada, anda de barco, joga futebol e é auto-suficiente. Ele é a prova viva de que o ser humano é muito mais do que a soma das suas partes. Ter uma, ou várias deficiências, é diferente de ser-se deficiente. Existe um abismo entre estes dois verbos: um exprime a condição presente enquanto o outro define a essência. Tem-se o que a natureza ou a herança genética nos legou. É-se tudo aquilo que conseguimos ser, usando a nossa força interior e aquela vastidão que abrange o conceito de auto-superação. Obviamente não somos tudo aquilo que sonhámos ser. A vida não é uma linha reta sem imperfeições; antes um quadro abstracto, pleno de figuras geométricas. No caso dos otimistas pode ser um quadro de Kandinski; no caso dos pessimistas um grito de Münch.

Ninguém deseja ter uma deficiência para se exibir como ser extraordinário. Contudo, a escolha de como enfrentar os problemas, define-nos como pessoas.

Tenho a sorte de ter amigos chegados que são portadores de deficiência e sinto um orgulho desmedido em tê-los no meu círculo dos afetos. Seja a minha amiga Lurdes Breda, escritora inspirada de mão cheia, com livros no Plano Nacional de Leitura e na Feira de Bolonha, presença recente em vários eventos em Moçambique ou prémios literários no Brasil. Seja a minha amiga Rita, cuja alegria de viver ultrapassa largamente a sua paralisia cerebral. Aprendi com elas que não há limites para a palavra possível e que a expressão “ Não consigo” ocupa um espaço muito reduzido no seu quotidiano.

Por tudo isto, e muito mais que fica por dizer, indigna-me a falta de solidariedade para com os outros, especialmente para com as pessoas que não tiveram a sorte de nascer com capacidades físicas ou mentais, iguais às dos demais. Insultos como “És um deficiente!” deverão ser considerados apenas insultos para quem os pronuncia. Quem opta pelo uso indevido destas palavras é realmente deficiente pois falta-lhes alguma parte invisível na formação do seu carácter. São portadores de uma deficiência muito mais profunda e aterradora: Chama-se síndroma de ASNO: Ausência de Sensibilidade Notória. Por vezes, estesíndroma vem acompanhado de um outro ainda pior: o síndroma de IDIOTA – Imunodeficiência de Ignorância Obtusa e Tolice Adquirida. Para essas pessoas fica a minha expressão de pesar: ainda não se inventou uma cadeira de rodas para o preconceito ou um programa de computador para a incultura.

Todavia, como educadora tento fazer a minha parte nesta missão de todos nós. Demonstrar que, de facto, somos “Todos diferentes, todos iguais”, ou como os meus alunos do 9º ano aprenderam somos “Exatamente iguais: apenas diferentes”.

E nessa diferença reside a nossa riqueza. Sem preconceito. Sem ignorância. Sem problemas.

Casais do Campo

21 de novembro 2012

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Viver todos os dias cansa de Pedro Paixão

Caros amigos e leitores,

comecei hoje a ler o livro Viver todos os dias cansa de Pedro Paixão e recomendo vivamente.

Deixo-vos ficar um extrato:
 
"É tão estranha a sensação de não viver. De estar só à espera que aconteça (...) eu estou em stand-by. (...) Como os passageiros à espera de um outro destino naquelas salas de aeroporto, que são onde melhor se ouve a solidão de estarmos tão perdidos assim..."

in Dias de 1995

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Imperfeita Lucidez de Catarina Carvalho


No próximo dia 5 de Abril pelas 18h30, a Biblioteca Municipal de Condeixa apresentará o livro de poesia de Catarina Carvalho “Imperfeita Lucidez”.

Esta apresentação enquadra-se na cerimónia de entrega dos prémios da III Edição do Concurso de Poesia.

 

NOTA BIOGRÁFICA

Catarina Margarida da Silva Carvalho nasceu a 27 de Abril de 1978, é natural de Regueira de Pontes, concelho de Leiria.

É licenciada em solicitadoria e tem formação pós graduada em Ciências Jurídico-empresariais Aplicadas.

Desde muito cedo manifestou interesse pela literatura, nomeadamente pela poesia e pelos grandes poetas portugueses.

Ao longo dos anos tem vindo a encontrar o seu caminho na escrita, especialmente na poesia, revelando uma espontânea sensibilidade de criar e recriar os sentimentos pelas palavras.

É com alguns dos seus poemas como “Bem perto do teu sorriso” em 2009 e “Que importa a mágoa” em 2011, que Catarina Carvalho dá a conhecer ao público as suas palavras, ao lado das composições do Mestre da Guitarra Portuguesa Custódio Castelo e pela grande voz do fado, Cristina Maria.